LIVRARIA DO GARRAFA

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domingo, 15 de março de 2015

Acho que o que eu acho nunca ninguém achará. Acho que o que acham do que eu acho já foi achado. Acho que não.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

LUA BRANCA

Lua Branca
De Ricardo Silva e Sousa

Era uma vez, numa cidadezinha na serra, uma mulher que vivia sozinha e estava sempre no mundo da lua. Ninguém sabia de onde ela tinha vindo. Apareceu na casa do finado Seu Leônidas, muito tempo depois dele ter ido desta para melhor. 
Seu Leônidas era um homem misterioso, que não falava com ninguém. Nasceu e cresceu junto com a cidade, mas ninguém sabia da vida dele. Não tinha família, não tinha emprego, não tinha ninguém. A casa em que vivia foi construída por ele e levou anos para ficar pronta. Depois que morreu, do quê ninguém sabe, a casa ficou abandonada durante muitos anos. Até que a mulher apareceu. Diziam que era filha de Seu Leônidas. Outros diziam que era sobrinha. Outros, mais fofoqueiros, diziam que era sua amante, que vivia em outro lugar. 
Dona Bianca, este era o nome dela, passava os dias na varanda da casa, bordando um pano comprido, sem parar. Ia até a venda da cidade para comprar linha e alimentos. Outra vezes, podia-se ver Dona Bianca cuidando das plantinhas que ficavam na frente da casa. 
Quando Dona Bianca andava pela rua, os mais velhos ainda tentavam um “bom dia, boa tarde, boa noite” mas Dona Bianca não falava com ninguém. Só com seu Elias, dono da venda, que, depois de algum tempo, já deixava separada a compra de Dona Bianca para evitar falar com ela. 
Pele muito branca, olhos de cor cinza claro, vestindo sempre o mesmo vestido de chita comprido até os pés, sandálias de couro cru, Dona Bianca tinha um mistério. Quando a lua estava na fase nova, Dona Bianca ficava magrinha, mas tão magrinha que seus braços até pareciam feitos de arame. Conforme a lua ia crescendo, Dona Bianca ia engordando, até ficar redondinha, bem gordinha, quando a lua estava cheia. E assim vivia Dona Bianca. Minguando, minguando, crescendo, crescendo juntinho com a lua. 
Um dia veio a notícia: _Vai haver um eclipse total da lua, como nunca tinha sido visto naquela cidadezinha! 
Veio gente de toda parte. Cientistas, jornalistas, artistas, repentistas, sionistas, kardecistas, clérigos, esotéricos, macumbeiros, feiticeiros, políticos, holísticos, tarólogos, ufólogos, todos para ver, contar e cantar o eclipse lunar. Naquela noite, no auge da lua cheia, Dona Bianca, gordinha como a lua, foi até a praça onde todos estavam esperando o eclipse lunar. Dona Bianca desta vez estava muito grande. Seus braços nem encostavam no corpo de tão gordinhos. Nas suas mãos quase não se viam seus dedinhos. Dona Bianca estava assustada. Seus olhos fitavam a lua sem piscar, como que esperando algo acontecer. De repente, suas lágrimas começaram a cair de seus olhos imóveis. O eclipse lunar tinha começado. 
O Prefeito da cidade mandou apagar as luzes para aumentar a grandiosidade do momento. O Padre rezava um terço, o pastor um Salmo, a Mãe de Santo um ponto, o Judeu a Tora e Seu Elias, o Alcorão. Todos atentos olhando para cima, todos eufóricos com o acontecimento. Aos poucos a lua foi sumindo, sumindo, até que sumiu de vez. Depois de um silêncio profundo, que durou alguns minutos, uma voz gritou: _Ela está voltando! A lua estava voltando a aparecer devagarzinho. Aos poucos a luz da lua voltava a iluminar a praça. Quando estava bem cheia no céu, o Prefeito mandou acender a luz da cidade. 
Para surpresa de todos, onde estava a Dona Bianca, só estava seu vestido de chita e as sandálias de couro cru. Dona Bianca tinha sumido. No chão, junto do que sobrou de Dona Bianca, pequenas gotinhas brilhavam com o reflexo da lua. Eram as lágrimas de Dona Bianca. As gotinhas cresceram, juntaram-se umas nas outras e viraram uma pocinha de água. 
O Padre fez o Sinal da Cruz, o Pastor rezou um Salmo, a Mãe de Santo acendeu uma vela, o Judeu leu a Tora balançando seu corpo e Seu Elias pegou seu lenço e enxugou as lágrimas de Dona Bianca. Até hoje Seu Elias guarda, na última prateleira da venda, um vidro com as lágrimas de Dona Bianca. Quando a lua cresce, o vidro fica cheio. Quando a lua está nova, o vidro fica quase vazio. 
Desde então, Dona Bianca nunca mais apareceu. Uns dizem que a lua a levou para morar com ela. Outros dizem que ela fugiu da cidade quando todos estavam olhando para o céu. Já Seu Elias, sábio do Oriente, guarda o segredo de Dona Bianca no alto da prateleira.

domingo, 21 de abril de 2013

Andróide

Nunca, nem sei porque, imaginei postar qualquer texto usando um telefone...

Testando para textualizar.

Testar novas formas de meios de comunicação e portabilidade. Blogando pelo celular.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Análise da leitura do livro: "Filosofia Pré-socrática



Recentemente terminei de ler mais um livro. Por sinal não foi um livro qualquer, nem sequer apenas mais um livro de filosofia. Foi um livro sobre a génese da filosofia grega. Eu diria que a génese da filosofia ocidental. Nem mais nem menos que: "Filosofia Pré-Socrática" da Guimarães Editores. Mesmo para um leigo como eu na arte e conhecimento da Filosofia, pareceu-me muito revelador. Dada a organização cronológica dos vários autores podemos fazer também uma análise cronológica do que foi sendo o conceito a que hoje chamamos de filosofia ou de filosofar.

Os primeiros autores baseiam-se na mitologia e nas tradições orais que ao aliarem ao senso comum e ao raciocínio produzem, aos olhos de hoje, uma pré-filosofia. Criam modelos de explicação do universo mais aprofundados do que a simples mitologia. Posteriormente as teses de explicação e organização do mundo vão se fundindo com a religião grega instituída, até que posteriormente começam a separar-se dela elegendo um ser supremo como o criador e o motor de toda a ordem e harmonia existente. Ao pensarem e questionarem o porquê das coisas do mundo que os envolvem, os primeiros filósofos vão-se afastando da religião instituída e desenvolvendo algo de novo. O culto pelo conhecimento. Mas muitas vezes traduzido e associado a um só Deus que simboliza a sabedoria e conhecimento. Curiosamente estas ideias foram reformuladas e recicladas por alguns judeus e posteriormente pelos primeiros Cristãos. Mesmo antes de Cristo, já os pitagóricos e outros filósofos posteriores defendiam a ética e a conduta exemplar, a preferência pelas coisas da alma, associada ao conhecimento, em detrimento dos vícios e prazeres carnais. Assim se explicam também as grandes diferenças entre o antigo e o novo testamento, pois o mais recente tem claramente uma influência helénica. Também se compreende a facilidade com que o cristianismo se espalhou pela Grécia e posteriormente pela península itálica, origem de alguns dos mais ilustres pitagóricos.

Esta foi a minha principal conclusão a que cheguei depois desta leitura.

Gostaria de saber se mais alguém leu este livro, e mesmo se nunca o tenha lido que opinasse sobre estas conclusões.
Micael Sousa



http://www.abuscapelasabedoria.blogspot.com

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

SOLILÓQUIO DO REDENTOR

Daqui te vejo, bela cidade, e não te posso abraçar, pois fizeram-me assim, braços longos e fortes – sem movimentos, porém. Há mais de meio século vejo teus nascentes de ouro, e (estou certo) jamais verei teu poente. É meu ofício aparente contemplar o espelho terno das lagunas e ouvir o ciciar carinhoso das folhagens que me cercam.
Ouço, entretanto, brados e lamentos. Percebo que oram, pedindo milagres, certos de que teus ornamentos saíram de minhas rígidas mãos por vias misteriosas de trindades unitárias. Pois bem, linda cidade, direi que és cândida e simplória. Neste alto me puseram tal testemunha de pedra – julgando que só então ganharias minha visita. Engana-te, doçura tropical. Aqui e em todos os teus lugares, sempre me tiveste atento, pelos olhos de meu Pai. Em vão, me aprisionaram imóvel neste corpo de concreto (ainda que prazeroso, ao apreciar tuas loucuras), velando vales e pântanos. E te garanto, querida, desde as mais remotas conseqüências cósmicas foste suave, doce e curvilínea. Embora ao meu olhar apenas emprestassem a mirada estreita dos edis, sei que és maior do que a tela, e ao romper a moldura pressinto, fervilhante, no quadrante esquerdo, ou palpitando no ocidente, a vida acelerada, onde até dramas mais pobres usam cenários de encanto.
Não suponhas que os cristais do mar e as douradas praias, tão encantadores, me obriguem a desconhecer o que se passa aquém. Não te esqueças que as florestas envolventes, descem às minhas costas, elevam-se adiante e, mesmo em combate obscuro, ainda alimentam nascentes, orlam as encostas e dão colorido aos vales. Pena que não te possa abraçar, toda, das lodosas águas do Caju às penhas do Grumari; da distante Sepetiba aos encantos de Paquetá. Cingir nos concretos braços Leblon, Tijuca e Bangu.
Mas não te preocupes: imóvel que sou, vaga em vigília meu grande espírito, ladeado por atentos centuriões, teus padrinhos seculares: o luso Estácio de Sá e o bravo Sebastião. Junto a eles e aos curumins sacrificados, formarei a coorte de espíritos que pelas ruas olvidadas, nas praças aviltadas, soprará o hálito esquecido da urbanidade.
Daqui te vejo, bela cidade e não te posso abraçar. Se assim me fizeram, braços longos e fortes – sem movimentos, porém – deram a mim coração que a ti aprendeu amar.
Helio Brasil.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

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